Saúde Mental de mulheres encarceradas em um presídio do estado do Rio de Janeiro
Divulgação Científica
Nacional | Rio de Janeiro
Outubro / 2014- Janeiro / 2015
Pessoa em privação de liberdade
Promoção da Saúde; Competências em Saúde
Saúde da Mulher; Saúde Mental.
Saúde da mulher; Prisões; Saúde mental
Autores:
Márcia Vieira dos Santos; Valdecyr Herdy Alves; Audrey Vidal Pereira; Diego Pereira Rodrigues; Giovanna Rosário Soanno Marchiori; Juliana Vidal Vieira Guerra
Do que trata a experiência?
A pesquisa aqui divulgada foi realizada em uma penitenciária feminina do estado do Rio de Janeiro com 40 mulheres em situação de prisão. Foram feitas entrevistas com o objetivo de identificar os fatores relacionados à saúde mental. Ansiedade, estresse, depressão entre outros foram alguns dos problemas identificados, que podem ser trabalhados em estratégias e ações que integrem equipes multiprofissionais e o maior diálogo com as Políticas de Humanização e Promoção da Saúde.
Quais objetivos foram pensados?
Identificar os fatores relacionados à saúde mental de mulheres em um presídio do Rio de Janeiro. Discutir e refletir sobre a saúde mental das mulheres em privação de liberdade e seus desdobramentos.
Qual o passo-a-passo da realização da experiência?
Em princípio 45 mulheres foram escolhidas de maneira aleatória por lista nominal oficial (que incluía todas as que possuíam prontuários no serviço de saúde existente na instituição prisional). A exclusão levou em consideração, além da recusa, as mulheres que ganharam liberdade, as que estavam suspensas por motivo de segurança, e aquelas que foram transferidas para outra unidade prisional.
​
Dessa forma, das 45, cinco foram excluídas por diferentes critérios de exclusão, restando 40 presas para participarem do estudo. A coleta de dados foi realizada nos prontuários e por meio de entrevista semiestruturada, aplicada pela pesquisadora principal, que aconteceu no ambulatório de saúde do presídio.
No início da entrevista, a pesquisadora apresentava o objetivo da pesquisa e garantia o anonimato das entrevistadas. As participantes responderam voluntariamente a um roteiro com perguntas abertas e outras fechadas.
​
Ao fim da entrevista, a pesquisadora transcrevia as respostas dos questionamentos e lia as transcrições para que as entrevistadas pudessem ouvir e demonstrar acordo ou desacordo com a escrita da pesquisadora, que procurou assegurar a máxima precisão nos registros das respostas das participantes. O anonimato foi preservado por meio da associação das entrevistas a códigos alfanuméricos.
​
Para realizar a análise dos dados coletados, optou-se pela análise de conteúdo na modalidade temática, pois se esperava obter informações que expressassem aproximação com a realidade narrada pelas participantes. Foram destacadas duas modalidades temáticas, sendo elas: “Determinantes sociais que interferem nas condições de saúde da mulher encarcerada” e “Saúde mental como produto das condições de vida da mulher encarcerada”.
Quais foram os resultados?
Como resultados foram identificados os seguintes fatores que afetam a saúde mental das mulheres privadas de liberdade: ansiedade, estresse, depressão, alteração do padrão de sono, uso indevido de medicação psicotrópica, abstinência sexual, interrupção das relações familiares, além das precárias condições de confinamento. Ainda, destaca-se a necessidade de haver uma equipe de saúde reorientando constantemente o serviço de saúde mental dentro da penitenciária ou mesmo um serviço de referência na rede de saúde mental, a fim de assegurar a continuidade da atenção à saúde das encarceradas. Portanto, a complexidade que envolve o cotidiano das relações no sistema prisional, em face do conjunto de fatores que afetam diretamente as condições de saúde mental, ainda pode suscitar reflexões por parte da mulher privada de liberdade que, mesmo expressando sentimento de culpa, pode constituir-se em aprendizado sobre a própria vida.