

Sistematização da assistência em enfermagem em uma unidade prisional do Piauí
Divulgação Científica
Nacional | Piauí
Setembro / 2014 – Setembro / 2014
Pessoa em privação de liberdade; Servidores penitenciários
Promoção da Saúde; Educação em Saúde; Prevenção de Doenças e Agravos; Gestão do Trabalho em Saúde
Tuberculose; HIV/ Aids; Outras doenças ISTs; Covid-19; Álcool e drogas; Saúde Nutricional; Saúde do Homem; Saúde da Mulher; Saúde Mental; Saúde Sexual; Violência contra mulher e LGBTQIA +
Processos de enfermagem; Cuidados de enfermagem; Prisões; Teoria de enfermagem; Autocuidado.
Autores:
Andréia Alves de Sena Silva; Karinna Alves Amorim de Sousa; Telma Maria Evangelista de Araújo
Do que trata a experiência?
Relato da experiência de um profissional da enfermagem sobre a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em uma pessoa privada de liberdade, de uma Unidade Prisional no interior do Piauí. A proposta era aplicar a sistematização a partir das demandas terapêuticas de autocuidado a fim de compreender se essa aplicação é eficaz no contexto prisional. Como resultado foram construídos diagnósticos de enfermagem relacionados a diferentes domínios da saúde, bem como levantadas as principais dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros nesse contexto, contribuindo para a reflexão sobre o trabalho de assistência, e para a melhoria da organização do trabalho cotidiano pela equipe de enfermagem. Este relato faz parte da investigação de prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis em internos do Sistema Penal, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí.
Quais objetivos foram pensados?
Aplicar a Sistematização da Assistência em Enfermagem, no contexto da assistência a saúde de uma Unidade Prisional.
Qual o passo-a-passo da realização da experiência?
A aplicação da Sistematização da Assistência em Enfermagem (SAE) foi iniciada com a definição dos critérios de inclusão no estudo. Para participar, a pessoa privada de liberdade deveria possuir diagnóstico médico prévio de alguma doença crônica, que fizesse necessária a realização de autocuidado. O cenário foi uma unidade prisional do interior do Piauí que tinha uma equipe de saúde nos moldes do Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. A seleção do sujeito investigado ocorreu de forma aleatória com realização de sorteio dentre os internos que possuíam bom comportamento e diagnóstico prévio de Hipertensão Arterial Sistêmica isolada ou associada a outras condições de saúde. Na sequência, um instrumento foi construído à luz da Teoria do Autocuidado, de Dorothea E. Orem, de forma a permitir a aplicação do processo de enfermagem ao paciente. O instrumento relacionava informações referentes aos dados pessoais, histórico de doenças, queixas, antecedentes familiares e exame físico. A coleta dos dados de enfermagem foi realizada a partir de uma consulta de enfermagem em ambiente reservado, porém, sob a supervisão de profissionais de saúde do presídio. Neste momento a proposta era ter um quadro com os aspectos gerais relacionados com o autocuidado.
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Depois, foi feita uma entrevista seguida de um exame físico que subsidiou a elaboração dos diagnósticos de enfermagem e, por conseguinte, das prescrições de enfermagem. Estas ações compreendiam o primeiro de três passos estabelecido pela teoria de Orem. Na sequência, estaria a execução do esboço de um sistema de enfermagem que correspondesse à implementação do cuidado no processo de enfermagem, seguido da efetiva a atuação do profissional e acompanhamento do caso. Estes dois passos foram paralelamente e parcialmente realizados pelas pesquisadoras por meio de orientações e acompanhamento do interno, somente nos horários permitidos pelo presídio.
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A autorização para a realização do estudo foi dada pelo interno, após esclarecimento dos objetivos e descrição das ações que seriam realizadas, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto teve, também, que passar pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí (UFPI), tendo parecer favorável.
Quais foram os resultados?
Analisando os dados coletados foi possível construir diagnósticos de enfermagem relacionados aos domínios de promoção da saúde, nutrição, atividade/repouso, percepção/cognição, autopercepção e papéis/relacionamentos. As prescrições de enfermagem objetivam tornar o paciente protagonista dos cuidados de sua saúde, frente a privação de liberdade vivenciada e às limitações impostas a ele. Além disso, o estudo possibilitou compreender a realidade vivenciada pela equipe de saúde de uma unidade prisional, em especial a atividade da enfermagem, identificando dificuldades que influenciam no processo de trabalho da enfermagem, relacionadas aos aspectos segurança, estrutura física/organizacional, gestão de pessoas e recursos materiais. Como resultado, a experiência relatada demonstra que a aplicação da SAE auxilia na identificação dos problemas reais e potenciais de saúde do paciente e pode ser um facilitador do trabalho da equipe de enfermagem proporcionando organização e qualificação da assistência. Em especial se implementada não apenas com um interno, mas com toda Unidade Prisional.